E eu fiz isso aqui uma
terra morta, um lugar aonde eu despejei meus sentimentos como se fossem
produtos químicos, plantei coisas e as colhi sem cuidar do que estava debaixo
dos meus pés, industrializei e desmistifiquei tudo que havia de feliz e
colorido aqui, fiz tudo ficar preto, pintei tudo de preto.
Isso é tudo que eu sou? Todo esse mar negro, toda essa destruição e ilusão
de preenchimento, quando soltei isso pra fora de meu ser não imaginava o que
faria aos que poucos que restavam e eu gostava, eles também foram levados, tudo foi
dragado pro inóspito, pra aquilo que não mais respira ou brilha com o sol, nem
mais morno ou vermelho como a pele, não mais com palavras estou sentindo esse
ar que passa por meus cabelos.
Coloquei tudo o que eu tinha pra fora e nada ficou para dentro de
meu ser, agora nada eu sou e vou ser daqui pra frente, nada vai consegui
existir dentro no fundo do meu coração, nada vai ocupar minha mente e me fazer
ficar sem dormir, nada existe mais aqui dentro.
Chegou a hora de colocar o pé nesse gramado preto, chegou a hora
de eu seguir em frente e levar esse vazio comigo, pois é isso o que sou agora,
não importa os sorrisos, não importa os abraços, não importa mais nada porque
nada vai importar mesmo que eu tente, eu só quero sentir o vento em meu rosto
enquanto dirijo pra algum lugar longe o suficiente pra eu me cansar, longe o
suficiente dessa dor grande demais pra ser sentida.